
Você precisa de uma religião, de um lado político definido, você precisa mostrar preocupação social com qualquer pequena coisinha que acontece nesse mundo (ainda que você não se importe com ela). Você precisa se sensibilizar com a morte de cada ator e cantor famoso (ainda que você nunca tenha visto nenhum de seus filmes ou ouvido nenhuma de suas músicas e precisa se sensibilizar com todas as causas que estão espalhadas por aí.
Você precisa ter uma opinião a respeito da legalização da maconha, do casamento gay e da amamentação em locais públicos. Você precisa escolher entre Jean Willys e Malafaia, entre Luciana Genro e Bolsonaro, entre Dilma e Aécio. Você precisa ser da esquerda ou da direita. Você precisa se definir por tudo aquilo que o mundo quer que você seja.
Você precisa ter uma opinião sobre o feminismo e sobre o movimento LGBT. Você precisa dar sua opinião sobre tudo, ainda que ninguém esteja se importando com ela. Você precisa reclamar de tudo que está de errado com o mundo, ainda que não faça a sua parte para construir um mundo melhor.
Você precisa se rotular. Sim, você precisa fazer tudo isso e se rotular. Esqueça a sua identidade. Você precisa ter uma opinião formada sobre “aquilo que aquele repórter falou na TV” ou sobre “aquilo que o Tico Santa Cruz compartilhou”. Você precisa fazer tudo isso pra fazer parte da geração mais imbecil que já existiu. E não, você não pode ficar de fora.
Você precisa ser um especialista político, um especialista em empreendedorismo e em Direitos Humanos. Você precisa mostrar que sabe de tudo. Precisa falar mal da imprensa e se mostrar um “pensador independente”. Você precisa odiar todos aqueles que tiveram algum sucesso na vida para disfarçar a sua própria frustração.
Ou não.
Talvez você não precise de nada disso. Talvez você possa ter sua própria opinião sobre os assuntos que realmente lhe interessam e lhe dizem respeito, se abstendo daquilo de que você não sabe nada. Francamente, você devia estar cuidando da sua própria vida.
Defenda as causas que entender cabíveis e faça somente aquilo que tiver vontade. Você não precisa parecer politizado, parecer um especialista econômico ou citar referências bíblicas que não se aplicam na sociedade contemporânea. Talvez você possa (e sim você pode) descobrir a sua opinião sobre as coisas por si próprio.
Talvez você não precise odiar o mundo e nem aqueles que não pensam da mesma forma que você. Podemos discutir por horas sobre todos esses assuntos que eu citei acima. E podemos discordar em todos os pontos. Francamente, devíamos todos cuidarmos de nossas próprias vidas. O direito de um termina onde começa o direito do outro.
Pensar fora da caixa talvez seja uma afronta para a sociedade em que vivemos. Ter suas próprias convicções feitas com uma consulta interna a nós mesmos parece algo irreal. Nesse caso, afronte. Nesse caso, seja irreal. Ninguém vê o mundo da mesma maneira que você. Não tome a visão e as ideias dos outros para si. Descubras as suas próprias ideias.
Fonte: https://maravilhosomundodeanderson.wordpress.com
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